No passado dia 26, sábado, o Casino da Figueira da Foz foi palco de um dos acontecimentos mais importantes e mais marcantes para a vida quotidiana dos portugueses: o Congresso Extraordinário da LIGA dos Bombeiros Portugueses para debater e decidir o transporte de doentes pelas Associações de Bombeiros.
Os Bombeiros Portugueses, em peso, disseram: presente! … e numa manifestação colectiva e de força responderam à Sra. Ministra da Saúde: assim não! Veja Sra. Ministra que estamos todos unidos, queremos a revogação do Despacho 19264, de 29 de Dezembro, e caso mantenha a sua posição de politicamente irrevogável, então, estaremos dispostos a encetar outras acções.
Ora, o despacho 19264, de 29 de Dezembro, com efeitos aplicativos imediatos a 01 de Janeiro de 2011, ou seja, 2 dias após a sua publicação, não foi mais do que uma medida economicista do governo, cortando cegamente nas despesas da saúde, sem se importar com os problemas que provocaria aos doentes, e – mais grave – passar todo o ónus da culpa para as Corporações de Bombeiros.
Os Bombeiros de Portugal disseram claramente: 1 – que nem querem ficar com o ónus público; 2 – nem sofrerem na própria pele os efeitos financeiros perniciosos que a referida medida incorpora; isto porque os bombeiros, a pedido do próprio Ministério da Saúde, há alguns anos, responderam afirmativamente, investindo em pessoal e em viaturas próprias para acorrer a estes serviços e às necessidades dos utentes.
O Congresso foi uma resposta clara ao Ministério da Saúde, mas não deixou também de ser um recado sério para o Ministério da Administração Interna, lembrando-lhe: que é tempo do Ministério olhar de outra forma para os bombeiros voluntários de Portugal, que o Ministério tem obrigação de os ouvir e que o Ministério tem de reconhecer que os bombeiros unidos, se quiserem utilizar a sua força colectiva … e social, poderão provocar muitos estragos. Como dizia o Presidente da Mesa dos Congressos, Comandante Jaime Soares: “estamos seguros das nossas razões, do que somos e do que realmente representamos”. E mais tarde, já no encerramento, do Presidente Executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses, Duarte Caldeira: “não fomos criados pelo Estado, mas queremos que o Estado reconheça a nossa importância e tenha realmente consciência da nossa força”.
Foram cerca de 3 dezenas de intervenções dos mais diversos quadrantes, algumas mais comedidas, mas outras bem mais emocionadas, como: o combate não pode ter limites!
Em resumo, os Bombeiros de Portugal, escreveram na Figueira da Foz uma página de ouro na sua longa e rica história e saíram de lá bem mais unidos e determinados na sua acção e, como disse alguém: “este Congresso pode ter sido o ponto de viragem na vida dos Bombeiros de Portugal”.
As decisões tomadas, por unanimidade dos congressistas, foram as seguintes:
1.ª – Revogação imediata do Despacho 19264 e, caso o Governo, através do Ministério da Saúde, não dê seguimento à petição, colocar uma Acção Cautelar e/ou, já com mandato pelo Congresso para o efeito, o próprio Presidente da LIGA avançar com uma Acção Jurídica;
2.ª – Se, até 15 de Março, o Governo não suspender a aplicação do referido Despacho, todos os bombeiros de Portugal, coordenados pelo Presidente da LIGA, encetarão acções diversas, desde uma grande manifestação/desfile em Lisboa, até manifestações/desfiles de ambulâncias em todos os Distrito, junto às sedes dos Governadores Civis;
3.ª – Outras acções de cariz diverso, elencadas no Congresso, poder-se-ão seguir.
Termino com a expressão do Presidente Executivo da Liga: continuaremos firmes e unidos na nossa acção.
João Costa
Presidente BVVizela